A Corte Portuguesa no Brasil

Em 24 de Novembro de 1807, o funcionário da corte, Joaquim José de Azevedo foi acordado por um mensageiro e instruído a aparecer no palácio o mais rápido possível. De forma inusitada recebeu o príncipe regente d. João em pessoa a ordem de começar a organizar o embarque da família real e dos dignitários do Estado. A partida foi marcada para a tarde de 27 de Novembro, o que dava a Azevedo menos de três dias para concluir sua tarefa. No chuvisco do amanhecer, havia carruagens chegando de todos os cantos da cidade, abrindo caminho por entre os caixotes, baús de bagagem e pipas d'água que enchiam a zona portuária. Dom João, foi o primeiro a chegar nas docas acompanhado pelo infante espanhol Pedro Carlos. Depois veio d. Carlota Joaquina, com seus dois filhos varões Pedro e seu irmão Miguel então com 6 anos. Depois outra carruagem chegou com as cinco filhas de d. João e d. Carlota Joaquina: Maria Teresa, Maria Isabel, Maria Francisca, Isabel Maria e Maria da Assunção. Em seguida veio a mãe de d. João, a rainha Maria I com 73 anos, dizem que quando sua carruagem corria para as docas , ela teria gritado: "Não vá tão depressa, pensarão que estamos fugindo!". A cunhada de d. João, Maria Benedita de 61 anos e sua tia Maria Anna de 71, completaram o embarque. A família real dividiu-se entre quatro navios: O Afonso de Albuquerque que levou d. Carlota Joaquina e quatro de suas filhas. Maria Francisca e Isabel Maria, viajaram no Rainha de Portugal, enquanto os membros inferiores do cortejo real, a tia e cunhada idosas de d. João ficaram a bordo do Príncipe do Brasil. No Príncipe Real, embarcaram d. João, sua mãe d. Maria I e os herdeiros varões Pedro e Miguel. Quando a esquadra atravessou a barra, uma salva de 21 tiros ribombou no bloqueio britânico. Ao largo, o camboio português fundiu-se com sua escolta britânica. Inspeções e reparos de última hora, assim como transferências de pessoas e mantimentos entre os navios, foram executados em antecipação á longa viagem. Os relatos da travessia são de uma incompletude frustrante, silenciando as memórias da corte sobre o que deve ter sido um episódio traumático para todo os implicados. Quando a frota ancorou, em 22 de janeiro de 1808, um ar de irrealidade desceu sobre a região da baía. Depois de um dia ancorada, a família real pisou em solo brasileiro pela primeira vez. Desembarcaram diante de uma recepção animada: as figuras ilustres da cidade, seus fazendeiros e até grupos de escravos ladeavam as ruas, saudando os visitantes inesperados. É difícil imaginar o que a família real terá pensado de Salvador naquela tarde clara e arejada pela brisa. Ao menos puderam guiar-se por um protocolo real improvisado ás pressas, para receber as boas vindas dos representantes da vice-realeza da cidade BIBLIOGRAFIA: WILCKEN, Patrick império á deriva a corte Portuguesa no Rio de Janeiro, editora Objetiva 2004.

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