DESILUSÕES: AS DECEPÇÕES DE DONA LEOPOLDINA COM DOM PEDRO I

 


Em 5 de Novembro de 1817, depois de cinco meses de sair de Viena, a Comitiva onde trazia a arquiduquesa Maria Leopoldina Josefina Carolina de Habsburgo chegou ao Rio de Janeiro. Ela estava casada no papel com o Príncipe dom Pedro I. Mas as decepções que sofreria com ele a levaria a óbito. Em cartas trocadas com a irmã e confidente Maria Luísa, duquesa de Parma, ela dizia que seria "doce como um cordeiro" com o futuro marido. Na primeira noite do casal, escreveu a Condessa de Künburg que havia acompanhado dona Leopoldina: "A rainha e todas as princesas assistiram a sua toalete de noite: eu fui obrigada a despi-la, E deitá-la na cama e esperar até que o príncipe ficasse a seu lado na cama. Então, felizmente, permitiram que saísse." A Condessa de Künburg ficou abismada com esse ato. Seis meses depois de sua chegada ao Brasil, dona Leopoldina escreveu para a irmã: "com poucas palavras e com toda franqueza, convencida de que esta carta não chegará a outras mãos senão as suas, minha querida. Com toda franqueza, diz ele ( dom Pedro) tudo o que pensa, e isso com alguma brutalidade; habituado a executar sempre a sua vontade, todos devem  acomodar-se a ele; até eu sou obrigada a admitir alguns azudemes. [...] apesar de toda a sua violência e de seu modo próprio de pensar, estou convencida de que me ama ternamente [...]".

Em outra carta ela escreve: "Você tem mesmo razão, a verdadeira felicidade não existe neste mundo, e tremo constantemente na expectativa de um desgosto ou aborrecimento [...] não posso saber com certeza se tenho um amigo no meu marido ou se sou realmente amada." Como mulher, porém dona Leopoldina era barrada do mundo de Marrocos (bibliotecário de dom João VI) isolada na vida intelectual da cidade. Mantinha-se recolhida, ao palácio, sem permissão para ir ao Rio sozinha. 


Em 1820, escreveu outra carta a irmã Maria Luísa, o casamento não estava na melhor fase: 

"Começo a crer que se é muito mais feliz quando solteiro, pois agora só tenho preocupação e dissabores, que engulo em segredo, pois reclamar é ainda pior; infelizmente vejo que não sou amada, meu esposo e meu dever exigem que eu suporte até o último instante [...]" (REZZUTTI, PAULO, DONA LEOPOLDINA, 2017 pág 193)

Mas os piores anos ainda estava por vir para dona Leopoldina, em Agosto de 1822 dom Pedro passando por São Paulo conheceu Domitilia de Castro do Canto e Melo a famosa marquesa de Santos. Apartir desse momento ela se tornou-se amante do imperador, de patinho feio viraria uma formosa cisne. 

Domitila de Castro do Canto e Melo, em 1830.


Em carta para seu secretário Schäffer ela escreve: 

"Aqui, infelizmente, anda tudo transtornado, pois, sinceramente falando, mulheres infames como se fossem Pompadour e Maintenon e ainda pior, visto que não tem educação alguma, e ministros da Europa e da Santa Ignorância governam tudo torpemente." (REZZUTTI, PAULO, DONA LEOPOLDINA, 2017 pág 268)



Fontes usadas:  
WILCKEN, Patrick Império á deriva a corte portuguesa no Rio de Janeiro, 2004.

REZZUTTI, Paulo. Dona Leopoldina a história não contada a mulher que arquitetou a independênciado Brasil, 2017.



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